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Especial 2021
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Saúde

Como lidar com a SOLIDÃO NA TERCEIRA IDADE

  • Amanda Rodrigues Santos
  • O processo de envelhecimento não é fácil para a maioria das pessoas. Nessa fase da vida é comum que muitas pessoas acabem ficando mais sozinhas, isoladas do mundo, o que pode ocasionar doenças. A psicóloga Amanda Cristina Sierra Rodrigues Santos explica como tratar essa questão.

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    A psicóloga Amanda Cristina Sierra Rodrigues Santos:  ?O reconhecimento da depressa?o na terceira idade demanda uma atenc?a?o maior, ja? que pode ser confundida com o processo de envelhecimento.?
    A psic�loga Amanda Cristina Sierra Rodrigues Santos: “O reconhecimento da depress�o na terceira idade demanda uma aten��o maior, j� que pode ser confundida com o processo de envelhecimento.”

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    A terceira idade, tamb�m chamada de “a melhor idade”, pode ser uma fase de novas descobertas para as pessoas que chegam at� ela, e n�o o fim da vida, como muitos encaram. Para que o idoso continue vivendo com qualidade e alegria � necess�rio buscar novas experi�ncias e formas de intera��o, como forma de evitar a solid�o.
    A psic�loga Amanda Santos fala sobre os riscos que o isolamento pode causar aos idosos, e qual a responsabilidade da fam�lia nesse tipo de situa��o. “Esse abandono � um fator preocupante, at� porque pesquisas apontam que os idosos solit�rios apresentam maior n�mero de doen�as, muitas dessas relacionadas ao emocional. Neste caso, � preciso que todas as pessoas pr�ximas, principalmente da fam�lia, tenham consci�ncia do problema que podem ocasionar ao abandon�-lo”, ressalta.

    Segundo a psic�loga, muitos idosos t�m dificuldade em assumir a idade que possuem e entender que o corpo j� n�o tem o mesmo �nimo, muitas vezes fazendo com que se isolem.

    “Esse comportamento vem da cren�a (pensamento) de que a velhice � uma coisa ruim, e que significa o fim da vida. O que n�o � verdade! Antigamente as pessoas mais velhas/idosas eram mais reconhecidas como s�bias, cheias de experi�ncias e hist�rias motivadoras, e de viv�ncias boas. Hoje esse reconhecimento n�o � t�o frequente em algumas sociedades. O idoso, muitas vezes, � visto como um fardo e at� mesmo como in�til”, pondera.

    De acordo com Amanda, � preciso trabalhar com esses idosos a ressignifica��o da cren�a de que o velho n�o tem seu valor. “H� muitos trabalhos que se pode fazer nesse sentido, inclusive demonstrar dentro de uma terapia em grupo ou individual, o valor do outro, mostrando para essas pessoas que est�o na idade da recompensa e da sabedoria”, salienta.
    A psic�loga explica que a idade da recompensa tem in�cio aos 58 anos, e vai at� por volta dos 72 anos. Depois o segundo ciclo � da recompensa premium. “Quando se est� nessa idade e a pessoa acredita que fez coisas boas tanto para si quanto para os outros, ela se d� o valor e consegue ter sa�de e muita sabedoria. Quando acredita no oposto, ela sup�e que fez as escolhas erradas perante a vida e reage de forma negativa nesse per�odo, influenciando negativamente em sua qualidade de vida”, destaca.

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    O que fazer depois da aposentadoria
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    A sensa��o de inutilidade ap�s a conquista da aposentadoria � muito comum e acontece mais frequentemente entre os homens. Nesse caso, o que pode acontecer � o idoso pensar: “Pronto, agora estou s� esperando a morte chegar”. De acordo com Amanda Santos � um erro pensar dessa forma.

    “Sabe-se que a expectativa de vida hoje do brasileiro, segundo o IBGE, � de aproximadamente 73 anos para os homens e 80 anos para as mulheres. Ent�o, como assim? Ficar esperando a morte chegar por 10, 20, 30 anos que lhe restam? Aqui � um momento ent�o de quebrar essas cren�as negativas sobre a terceira idade, reeducando o c�rebro, para substituir as cren�as e o sentimento de desvalor para o de auto valoriza��o. Reconhecer que est� na idade da sabedoria e que pode sim ajudar ou at� mesmo pensar: “O que posso fazer para deixar esse mundo melhor?”
    Se a sensa��o de ficar parado te incomoda, que tal fazer algumas atividades extras para preencher seu tempo?


    Vou citar aqui algumas atividades:
    - Conviver com outras pessoas, onde ter� oportunidade de troca de experi�ncias e autoconhecimento;
    - Contato com a natureza;
    - Atividade f�sica, desde uma caminhada at� uma muscula��o/pilates;
    - Buscar atividades novas que nunca fez na vida, como tocar um instrumento musical, fazer meditac�o, aula de dan�ou esporte, entre outros.



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    A psic�loga enfatiza que o contato com o outro � sempre muito favor�vel nesse sentido. Procure fazer atividades em grupo, as quais te tragam prazer e bem-estar. Talvez hoje voc� n�o consiga mais dan�ar forr�, como dan�ava antigamente, mas que tal tentar uma nova dan�a ou um novo esporte?
    Em Passos, Amanda cita o exemplo da Unabem (Universidade Aberta para a Maturidade), que � um programa social da Uemg (Universidade do Estado de Minas Gerais) voltado para a terceira idade. O objetivo principal deste projeto � oferecer oportunidades para que a pessoa desenvolva todas as suas possibilidades de conviv�ncia, de aprendizagem, de lazer e de envolvimento com as quest�es sociais e ambientais. E tamb�m oportunizar que fa�a resgates cont�nuos de mem�ria, de saberes e sabores, aumente sua autoestima e das pessoas com as quais convive reelaborando continuamente o seu jeito de viver.

    Sobre a depress�o na terceira idade, Amanda diz que a mudan�a de padr�o de vida e a sensa��o de inutilidade social s�o gatilhos tanto para o isolamento como tamb�m para a depress�o. “Dentro da popula��o idosa, a depress�o encontra-se entre as doen�as cr�nicas mais frequentes que aumentam a probabilidade de desencadear incapacidade funcional, trazendo uma piora nas relac��es familiares como tamb�m na qualidade de vida. Estudos recentes identificam, entre as principais caracter�sticas associadas a depress�o, vari�veis demogr�ficas, tais como idade avan�ada e ser do sexo feminino.”

    O reconhecimento da depress�o na terceira idade, segundo Amanda, demanda uma aten��o maior, j� que pode ser confundida com o processo de envelhecimento.
    � Infelizmente, hoje ainda h� casos em que n�o se � percebido o transtorno depressi�o no idoso abrange fatores gen�ticos, acontecimentos estressantes, altera��es neurobiol�gicas e deteriora��o cognitiva associada a idade.”

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    Relacionamentos e amizades

    “No filme “Up-altas aventuras” conta-se a hist�ria de um senhor chamado Carl, que ap�s ficar vi�vo e perder o amor de sua vida, sofria o processo de solid�o e amargura perante a vida. Durante o enredo do filme, mostra que sua vida se tornou melhor depois que conheceu um garotinho de 8 anos de idade, o qual viveram juntos grandes aventuras na hist�ria. Carl, n�o ganhou apenas um amigo, ele ganhou a vontade de viver novamente. Quis citar esse filme, para mostrar que os idosos, assim como os jovens, necessitam de amigos e parceiros para se sentirem bem, e para terem bons motivos para viver a vida sem pensar que est� no fim”, destaca Amanda.
    No caso de relacionamento amoroso, aqueles que ainda s�o casados e possuem seu parceiro (a), a psic�loga recomenda que aproveitem a idade para curtirem o casamento. “Relembrar os momentos de namoro trar�o boas lembran�as e hoje, com a experi�ncia que possuem, saber�o agradar um ao outro da melhor forma poss�vel, sair juntos para passear, viajar e at� mesmo ir a lugares onde nunca foram”, salienta.

    De acordo com a psic�loga, o mesmo que acontece com o jovem apaixonado, pode acontecer com o idoso, que � ter desejo de se cuidar (vaidade), ter alegria ao compartilhar momentos e hist�rias juntos, como tamb�m querer o bem tanto para si como para o parceiro (a). “Semelhante ao filme, “Up-altas aventuras”, os idosos precisam se aventurar na vida, ter contato com outras pessoas sejam elas amigos ou parceiros amorosos. Sua sa�de f�sica e mental agradecem.”

    A psic�loga diz que para os vi�vos e vi�vas da terceira idade, um novo relacionamento pode trazer muitos benef�cios nessa fase da vida. “Apesar de haver um medo ou at� preconceito (dos familiares, da sociedade ou mesmo do pr�prio idoso). Contudo, � preciso ressaltar que deve haver cautela no in�cio de qualquer rela��o, necessitando conhecer bem o amigo ou pretendente, avaliar as afinidades, as diferen�as e vivenciar cada etapa em seu tempo certo. Uma boa rela��o � baseada no respeito m�tuo, fique atento a isso”, finaliza.

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    Renato Rodrigues Delfraro

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