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Especial 2021
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Saúde

Como funcionam as vacinas

  • O médico Geraldo Tadeu dos Reis fala sobre o surgimento de novas vacinas que ajudam na prevenção a doenças como dengue, meningite e herpes, entre outras, estimulando o organismo a produzir anticorpos contra determinados germes, principalmente bactérias e vírus.

    Dr. Geraldo Tadeu dos Reis
    Dr. Geraldo Tadeu dos Reis:
    “Uma das características das vacinas mais modernas é oferecer maior proteção com o mínimo de efeitos colaterais.”

    Segundo o Dr. Geraldo Tadeu dos Reis, que é medico pediatra e trabalha com vacinas, a lógica da imunização é tentar estimular o organismo a produzir anticorpos sem que ele precise ter ficado doente antes. “O nosso sistema imunológico cria anticorpos específicos sempre que entra em contato com algum germe. Se entramos em contato com o vírus da rubéola, por exemplo, ficamos doentes apenas uma vez, pois o corpo produz anticorpos que impedem que o vírus volte a nos infectar no futuro.” 

     
    O médico explica que geralmente uma vacina age apenas contra um único germe, e que já existem vacinas conjuntas que são, na prática, duas ou mais vacinas dadas em uma única administração, como a vacina tríplice viral, que é composta por três vacinas em uma única injeção: sarampo, rubéola e caxumba. Assim, o sistema imune é estimulado simultaneamente contra esses três vírus, já que nem toda vacina pode ser dada em conjunto.
     
    Sobre os riscos à saúde que as vacinas podem trazer, Dr. Geraldo Tadeu afirma que os estudos demonstraram um padrão de segurança muito bom. “Não foram identificados eventos adversos graves na faixa etária  para a qual a vacina está licenciada. A maioria das reações foram leves, de curta duração e reversíveis, independentemente da população estudada e da idade, semelhantes aos eventos possíveis após a aplicação rotineira de outras vacinas”, explica o médico.
     
    Quanto à eficácia das novas vacinas, Dr. Geraldo Tadeu diz que essa é uma avaliação muito complexa, mas de um modo geral, a eficácia é muito positiva e varia de acordo com a vacina. “Na vacina contra dengue a eficácia é de 65,5%, mas a proteção contra dengue grave e hemorrágica é de 93%.Outras vacinas como HPV e meningite meningocócica a eficácia varia de 70 a 100%”, ressalta. 
     
    Ainda sobre a dengue, o médico esclarece que ela é feita com vírus atenuados e é tetravalente, ou seja, protege contra os quatro sorotipos de dengue existentes. Ela é bastante estável e segura.  “A eficácia na população acima de nove anos é de, aproximadamente, 66% contra os quatro sorotipos de vírus da dengue. Isso significa que em um grupo de 100 pessoas, 66 evitariam contrair a doença. Além disso, reduz os casos graves - aqueles que levam ao óbito, como a dengue hemorrágica em 93% e os índices de hospitalizações em 80%.”
     
     
    Reações 
     
    Dr Geraldo Tadeu afirma que toda vacina pode causar reações, que normalmente ocorrem no local da aplicação, o que é muito fácil perceber. Quando aparece a febre, geralmente é baixa, e dura menos de 48 horas. “Se ela chegar a mais de 39°C e se prolongar além de dois dias após a vacinação, aí é muito provável que o corpo esteja sinalizando um outro problema. Urticária ou alergia também não são sintomas normais. Caso isso aconteça, procure seu pediatra.” 
    O médico diz que muitas pessoas correlacionam o efeito da vacina com a intensidade dos efeitos colaterais, e deixa claro que a eficácia não está relacionada à intensidade de sinais como febre, inchaço e dor no local da aplicação. “Uma das características das vacinas mais modernas, aliás, é justamente oferecer maior proteção com o mínimo de efeitos colaterais”, pondera. 
     
    Novas Vacinas 
     
    A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou recentemente a vacina contra o HPV para homens entre 9 e 26 anos. Até então, no Brasil, o medicamento só era liberado para o público feminino, na mesma faixa etária. A vacina é quadrivalente e protege contra quatro subtipos do HPV (6, 11, 16 e 18), sendo os dois primeiros associados a 90% das verrugas genitais, e os últimos, responsáveis por 70% dos casos de câncer de colo uterino. A vacina é muito segura, pois não traz o vírus ativo e sim, apenas os fragmentos dele, que são sintetizados em laboratório. Ela já é obrigatória nos Estados Unidos e protege o homem de verrugas na região genital e alguns tipos de câncer no pênis. 
     
    A vacina meningocócica conjugada (ACWY) e a vacina meningocócica B só estão disponíveis na rede privada de clínicas de vacinação. “A importância destas vacinas reside no fato de que muitos países, inclusive o nosso, vêm observando aumento na proporção de casos de doença meningocócica pelos sorotipos B e W.  Nenhuma destas vacinas é feita com microrganismos vivos, apenas com parte ou fragmentos deles, capazes de desencadear a resposta imunológica com produção de anticorpos, mas incapazes de provocar doença”, explica Dr. Geraldo.
     
     
    A SEGUIR, NOVAS VACINAS À DISPOSIÇÃO NO MOMENTO:
     
     
    VACINA CONTRA A DENGUE

     

    Quem não pode tomar?

    Por se tratar de vacina atenuada (viva), é contra-indicada em imunodeprimidos, gestantes e mulheres que estão amamentando. Também não deve ser aplicada em pessoas com mais de 45 anos ou crianças com menos de 9 anos de idade.
     
    Quem pode tomar?
     
    A vacina da dengue atualmente disponível contém os quatro sorotipos do vírus: DENV1, DENV2, DENV3 e DENV4. Pode ser aplicada em pessoas de 9 a 45 anos de idade, por via subcutânea. 
     
    Qual é o esquema de vacinação?
     
    São necessárias três doses, com intervalo de seis meses entre elas.
     
    Quais os riscos à saúde que a vacina pode trazer?
     
    Os estudos demonstraram um padrão de segurança muito bom. Não foram identificados eventos adversos graves na faixa etária para a qual a vacina está licenciada. A maioria das reações foram leves, de curta duração e reversíveis, independentemente da população estudada e da idade, semelhantes aos eventos possíveis após a aplicação rotineira de outras vacinas.
     
    Essa vacina realmente protege da doença?
     
    A proteção contra dengue grave e hemorrágica fica em torno de 93%. A vacina também se mostrou eficiente na redução dos índices de internação em mais de 80% dos casos. Já a eficácia para a prevenção da doença é de 65,5%.
     
     
     
    VACINA HERPES ZÓSTER
     
     

    Previne o Herpes Zóster doença  popularmente conhecida como “cobreiro”, e sua principal complicação é a neuropatia pós-herpética, responsável por dor crônica, prolongada, de difícil controle e extremamente debilitante.

     
    Indicação:
     
    A vacina está licenciada para pessoas com 50 anos ou mais e é altamente recomendada para maiores de 60 anos de idade.
     
    Do que é feita:
     
    Trata-se de vacina composta por vírus vivos atenuados da varicela zóster 
     
    Contraindicação:
     
    Pessoas imunodeprimidas.
    Alergia grave (anafilaxia) a algum dos componentes da vacina.
    Pessoas com tuberculose ativa não tratada.
    Gestantes.
     
     
    Esquema de doses:
     
    Uma dose.
     
    A segurança da vacina foi avaliada em mais de 30 mil indivíduos acima de 50 anos, inclusive em maiores de 60, 70 e 80 anos, mesmo naqueles com doenças de base (cardiopatias, pneumopatias, diabetes, etc.) com poucos efeitos adversos.
     
     
    VACINA MENINGOCÓCICA ACWY
     
     
    O que previne:
     
    Meningites e infecções generalizadas (doenças meningocócicas) causadas pela bactéria meningococo dos tipos A, C, W e Y.
     
    Do que é feita:
     
    Trata-se de vacina inativada, portanto, não tem como causar a doença.
     
    Contém antígeno formado por componentes das cápsulas das bactérias (oligossacarídeos) dos sorogrupos A, C, W e Y conjugados a uma proteína.
     
    Indicação:
     
    Para crianças e adolescentes, conforme recomendações das sociedades brasileiras de Pediatria (SBP) e Imunizações (SBIm).
     
    Para adultos e idosos, dependendo da situação epidemiológica.
     
    Para pessoas de qualquer idade com doenças que aumentem o risco para a doença meningocócica.
     
    Esquema de doses:
     
    As sociedades brasileiras de Pediatria (SBP) e de Imunizações (SBIm) recomendam o uso rotineiro dessa vacina para crianças, adolescentes e adultos.  
     
    Para crianças, a vacinação deve iniciar aos 3 meses de idade com três doses no primeiro ano de vida e reforços aos 12 meses, 5 anos e 11 anos de idade. Para adolescentes que nunca receberam a vacina meningocócica conjugada quadrivalente — ACWY, são recomendadas duas doses com intervalo de cinco anos.
     
    Para adultos, dose única.
     
    Para viajantes com destino às regiões onde há risco aumentado da doença.
     
     
    VACINA MENINGOCÓCICA B
     
     

    O que previne:

    Meningites e infecções generalizadas (doenças meningocócicas) causadas pela bactéria meningococo do tipo B.
     
    Do que é feita:
     
    Trata-se de vacina inativada, portanto, não causa infecção.
     
    É composta por quatro componentes, três proteínas subcapsulares e a membrana externa do meningococo B.
     
    Indicação:
     
    Para crianças e adolescentes, conforme recomendações das sociedades brasileiras de Pediatria (SBP) e Imunizações (SBIm).
     
    Para adultos com até 50 anos, dependendo de risco epidemiológico.
     
    Para viajantes com destino às regiões onde há risco aumentado da doença.
     

    Para pessoas de qualquer idade com doenças que aumentem o risco para a doença meningocócica.

    Esquema de doses:

    As sociedades brasileiras de Pediatria (SBP) e de Imunizações (SBIm) recomendam o uso rotineiro de quatro doses da vacina meningocócica B aos 3, 5 e 7 meses de vida e entre 12 e 15 meses.
     
    Para adolescentes não vacinados antes, a SBP e a SBIm recomendam duas doses com intervalo de um mês.
     
    Para adultos com até 50 anos, em situações que justifiquem: duas doses com intervalo de um mês.
     
    Resultados da vacinação: Em 2014 ocorreram surtos de meningite meningocócica B em universidades americanas. A vacinação de bloqueio dos estudantes conseguiu controlar tais surtos.
     
     
    Renato Rodrigues Delfraro
     

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