Plateia reunida. C�es, galinhas, gatos, cachorros, p�ssaros grandes e pequenos. Est� em julgamento o Gato Mion. Motivo: comeu os ovinhos do ninho da andorinha BIBI.
- O C�o Medonho, seria o juiz. O Galo Fredy seria o advogado de acusa��o. Se eu contar, voc�s n�o acreditam! Ningu�m quis ser o advogado de defesa.
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Os p�ssaros diziam que ele os andava perseguindo e at� tentando hipnotiz�-los para fazer deles um banquete. As galinhas, cada qual tinha uma queixa. De uma ele quebrara os ovos e os devorara ainda no ninho, de outra ele abocanhara um pintinho. Os gatos da mesma esp�cie se recusavam, pois o achavam exibido.
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C�o medonho, todo posudo, fez soar uma lata de cerveja vazia que fazia �s vezes de campainha e do alto de sua import�ncia exclamou:
- Que fale o advogado de acusa��o.
- Galo Fredy limpou a garganta e disse:
- Senhor juiz, senhores jurados, senhoras e senhores, consta dos autos que o gato, aqui chamado R�u, vem perturbando o sossego da comunidade deste terreiro, quebrando os ovos das galinhas, comendo seus filhotinhos, destes crimes � acusado.
O Gato Mion se encolheu. O juiz ent�o falou grosso:
- O que tem a dizer o advogado de defesa?
O Gato Mion estufou o peito e disse:
- Merit�ssimo juiz, ningu�m quis me defender, ent�o eu mesmo me defendo. O juiz achou justo e disse:
- Que fale o r�u.
Gato Mion come�ou.
- Senhoras e senhores presentes, eu sou um gato e com muito orgulho de pertencer � ra�a felina. Mas destino de gato � visitar todas as casas, namorar nos telhados nas noites de luar e vejam o que minha dona me fez. Veste-me com esses casaquinhos rid�culos de tric� que nem posso andar direito, nem ao menos subir em um telhado.
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Todos se calaram e o juiz alterou a voz:
- Nenhuma culpa acho neste gato, visto que o desviaram de suas fun��es. Se algu�m tem alguma coisa contra que fale agora ou cale-se para sempre.
Ningu�m deu um pio, todos acharam que o gato realmente n�o deveria usar aquelas roupas apertadas.
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O juiz ent�o deu encerrada a sess�o. V�rios bichos vieram ajudar Mion a se livrar daquelas roupas inc�modas. J� era noite. Mion olhou para o c�u. Oba, lua cheia! Telhados pra que te quero. Sinhaninha, a gatinha formosa disse: Oba, l� vou eu; telhado noite de luar! Oba! E o namoro aconteceu sob o olharz�o confidente da Lua.
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Tia Hilda Mendon�a
(Membro da Associa��o Escritores e Cia)