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Turismo

TERRA SANTA - Caminhos de Jesus

  • Padres de Passos dirigem peregrinação à Terra Santa e revigoram a fé cristã nos lugares onde Jesus ensinou.

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    TERRA SANTA - Caminhos de Jesus
     
    Conhecer os lugares onde Jesus nasceu, viveu e ensinou é uma experiência que muitos cristãos gostariam de ter, como o grupo de peregrinos de Passos que em abril visitou a Terra Santa, em Israel e Palestina. Os padres Sandro Henrique Almeida dos Santos, da Igreja Matriz Senhor Bom Jesus dos Passos, e Luiz Caetano Castro, o padre Luizinho, diretor do Educandário Senhor Bom Jesus dos Passos, foram os diretores espirituais da peregrinação. Segundo eles, percorrer locais então só conhecidos através da Bíblia foi uma experiência enriquecedora, tocante e que lhes trouxe um significado novo para a fé cristã.
    Vista parcial do Jardim de Getsêmani, no Monte das Oliveiras.
    Jardins Persa de Bahaim em Haifa.
    Os peregrinos posam com Jerusalém ao fundo.
    Os peregrinos posam com Jerusalém ao fundo.

    Os peregrinos posam com Jerusalém ao fundo. “O que nos move é a possibilidade de pisar no chão que alguém relevante para nossa vida pisou e se reabastecer de uma força naquele lugar e persistir na sua fé, no seu amor”, explica o padre Sandro. “Você pode ver algum vídeo, pode ver um mapa, mas estar lá presente é diferente, você de fato renova suas energias. É uma força espiritual que você recebe”, observa o padre Luizinho. 

     

    A Terra Santa divide-se entre Israel e territórios palestinos, numa área limitada pelo Líbano, Síria e Jordânia, compreendida entre o vale do rio Jordão e o mar Mediterrâneo, com a Cisjordânia no centro. Jerusalém, Belém, Nazaré e o Mar da Galileia são alguns dos atrativos religiosos para os peregrinos cristãos.

     
    HISTÓRIA
     
    Conhecer Israel é como que entrar numa parte da história antiga da humanidade, nos seus aspectos político e religioso. Museus, templos, igrejas, basílicas, ruínas e sítios arqueológicos dão ao turista a sensação de uma aula “in loco” e, para os cristãos, uma imersão mais profunda na fé, que é a base dos ensinamentos de Jesus Cristo.
     
    “Eu sugiro que vá, não só pela história bíblica, porque a história bíblica passa ali por Israel, independente de qualquer culto religioso, mas eu sugiro, também, pela beleza do lugar, pela beleza da história. Veja uma cidade (Jerusalém) que é capital de três mil anos, é bonito, as ruínas, é história, não só história religiosa, é história antiga”, conta padre Luizinho.   
     
    Apesar da eterna disputa política com a Palestina, Israel é considerado um dos países mais seguros do mundo, especialmente para os turistas, conforme testemunharam os padres Sandro e Luizinho. “Você vê árabes e judeus convivendo muito bem, tanto que nosso guia local era um argentino de origem judia e o motorista do nosso ônibus, um palestino. É importante a gente ressaltar isso para quebrar esse paradigma de que é um local de conflito”, afirma padre Sandro.
     
    ITÁLIA
     
    Os peregrinos passenses embarcaram em 14 de abril e voltaram 14 dias depois. No roteiro, atrações representativas da fé cristã como a Via Dolorosa, a Basílica do Santo Sepulcro, o Monte das Oliveiras e até a casa e o barco de pesca de Pedro. Antes, porém, o grupo esteve na Itália, onde visitou Roma e duas cidades marcantes para os católicos, Assis, de São Francisco, e Cascia, de Santa Rita.
     
    Em Assis, a Basílica de São Francisco guarda os ossos do santo que fez votos de pobreza e ainda hoje inspira devotos no mundo cristão. Cascia tem como objeto de peregrinação a basílica e o mosteiro onde viveu Santa Rita. No local está sepultado seu corpo, incrivelmente preservado desde o dia de sua morte no ano de 1452.
     
    Cinco dias depois, os peregrinos embarcaram para Israel. O padre Sandro conta que sempre quis conhecer a Terra Santa e que seu desejo começou a se realizar durante uma homilia em que ele manifestou essa vontade. O pároco foi informado que uma peregrinação estava sendo programada e que o padre Luizinho seria o diretor espiritual, mas que o projeto poderia ser maior com sua participação.
    No final, o grupo reuniu 49 pessoas, 90% de Passos e o restante de outras cidades – Alpinópolis, Delfinópolis, Piumhi, Areado, São Sebastião do Paraíso e até Salvador (Bahia). A viagem foi realizada  através de uma agência de Jundiaí, São Paulo, com experiência em roteiros para Israel, Egito e outros países da antiguidade.
     
    Os peregrinos em ruínas da Fortaleza de Massada, junto ao Mar Morto; refúgio dos judeus durante a ocupação romana.
    Os peregrinos em ruínas da Fortaleza de Massada, junto ao Mar Morto; refúgio dos judeus durante a ocupação romana.

     

     
    GEOGRAFIA
     
    Com uma área de 22.070 quilômetros quadrados, Israel é um país de pequenas dimensões, tamanho equivalente ao menor estado brasileiro, Sergipe. A terra onde Jesus nasceu é formada por montanhas ao norte, deserto e vales férteis nas outras regiões.
        
    Tal qual seu relevo, o clima israelense varia entre o frio com neve nas regiões montanhosas e o mediterrâneo na região costeira, que se caracteriza por frio e chuva no inverno e verão seco e quente. As melhores épocas para visitar essa região milenar são de fevereiro a maio e de setembro a novembro, períodos em que o frio e a chuva estão mais amenos e o verão não tão quente.
     
    Por ser um país pequeno, Israel pode ser percorrido em praticamente todos os lugares importantes para os cristãos, de Jerusalém e Belém no centro a Nazaré e Mar da Galileia, com as ruínas, ao norte, que os estudiosos acreditam serem de Caná e Cafarnaum, citadas na Bíblia como locais em que Jesus realizou alguns milagres.
     
    VIA DOLOROSA
     
    Embora o objetivo da viagem fosse visitar os lugares que testemunharam a história de Jesus, os peregrinos tinham como principal missão percorrer a Via Dolorosa, ou Via Crucis, em Jerusalém, onde o Messias deu seus últimos passos rumo ao Calvário.
     
    Segundo os padres Sandro e Luizinho, do ponto de vista da fé, esse plano, realizado no derradeiro dia da viagem, teria um significado forte para o grupo passense, que têm como padroeiro da cidade o Senhor Bom Jesus dos Passos, nome dado  exatamente em referência à caminhada de Cristo para o Calvário e que também designa duas instituições católicas na cidade, a Paróquia e o Educandário.  
    “Senti realmente o desafio de Jesus ao fazer o meu caminho, não de uma lembrança, mas como se estivesse vivendo aquele momento dois mil anos atrás”, conta padre Sandro.
     
    A estrela de prata de 14 pontas marca o local exato do nascimento de Cristo.
    A estrela de prata de 14 pontas marca o local exato do nascimento de Cristo.

     

    TÚMULO DE JESUS
     
    Ainda em Jerusalém, a Igreja do Santo Sepulcro, construída no século V no local em que seria o túmulo de Cristo, também emocionou os peregrinos nos poucos segundos que puderam ficar no local. “Eu estar naquele lugar em que Jesus foi sepultado e dali nasceu a ressurreição, pra mim foi... sem palavras... Eram 30 segundos, mas parecia que eu estava em estado de êxtase, anestesiado”, recorda o padre Luizinho. 
     
    Ao norte do país, os peregrinos se encantaram com o Mar da Galileia, onde Pedro e seu irmão André pescavam quando foram chamados por Jesus. Outra alegria foi conhecer Nazaré, cidade natal de Maria e onde ela morou com José e o Menino Jesus depois da breve estadia em Belém.
     
    Altar na Igreja da Primazia de Pedro, construído sobre a pedra em que os apóstolos acendiam o fogo; situa-se a 450 metros de onde Cristo multiplicou os pães e peixes.
    Altar da Igreja da Multiplicação dos pães e peixes na Galileia.

     

    TERRA DE PEDRO
     
    As ruínas de Caná, onde Cristo transformou água em vinho numa festa de casamento, e o sítio arqueológico de Cafarnaum, terra de Pedro e André, são outros atrativos para os cristãos que o grupo passense conheceu. Ainda nessa localidade, Jesus realizou outros milagres, entre eles a cura da sogra de Pedro e de um paralítico. 
     
    “Estar lá, além de você ampliar os horizontes, os conhecimentos, você sentir a realidade como ela é, quando você fala na missa, quando você lê a Bíblia, quando você lê um livro, é muito diferente, é muito legal”, diz o padre Luizinho.
    “Para mim foi um privilégio jamais imaginado. Mesmo que seja dois mil anos depois foi a mesma emoção, como se fosse no dia que Jesus carregou a cruz”, conta o padre Sandro.
     
    ESTADIA E ALIMENTAÇÃO
     
    A comida no hotel e nos restaurantes das várias cidades em que os peregrinos estiveram trouxe para o grupo uma interessante experiência gastronômica em Israel. “Os temperos não são carregados, são à base de cebola e outras ervas”, conta padre Sandro.
    Segundo o padre Luizinho, a comida em Israel é variada e servida em quantidades generosas tanto no café da manhã, quanto no almoço e jantar, seja nos hotéis ou nos restaurantes. “Come-se pouca carne de gado, mas o frango, o peixe, os legumes, o arroz, o macarrão, a salada, o pão... É algo assim muito gostoso”, disse o padre Luizinho, destacando dois pratos à base de berinjela assada ou ao molho que ele apreciou bem, além dos doces. 
    A excursão para a Terra Santa foi organizada por Ana Paula Avelar Silveira, ministra da eucaristia do Carmelo São José, que realiza turismo religioso desde o ano de 2010. Na programação de Ana Paula estão previstas duas novas viagens.
     
     
     
     
     
    ALGUNS LOCAIS VISITADOS PELOS PEREGRINOS DE PASSOS
     
    REGIÃO DA GALILEIA
     
    Distância de 100 quilômetros de Jerusalém, a Galileia é a região em que Jesus passou sua infância e iniciou seu ministério na vida adulta. As principais cidades naquele tempo eram Cafarnaum, Nazaré e Tiberíades.  
     
    Mar da Galileia – Também conhecido por Lago de Genesaré e Tiberíades, é formado por águas do rio Jordão, chuva e neve derretida dos cumes dos montes dos arredores. Foi às margens desse lago que Jesus chamou seus primeiros apóstolos, Pedro e seu irmão André e Tiago e João, que eram pescadores. 
     
    Nazaré – Na época de Jesus, Nazaré era uma aldeia, onde Maria nasceu e Jesus passou a infância e juventude. Hoje, Nazaré é a maior cidade do norte de Israel.
     
    Cafarnaum – Segundo a tradição cristã, era o lar Pedro e André, que se mudaram da cidade natal de Betsaida para pescarem no Mar da Galileia. Em Cafarnaum, Jesus convocou outro seguidor, Mateus, e realizou vários milagres.
     
    Caná – Foi em Caná, durante uma festa de casamento, que Jesus realizou seu primeiro milagre: transformou a água em vinho. Como Cafarnaum, Caná não existe mais. Estudiosos acreditam que ruínas encontradas na região a 14 quilômetros de Nazaré sejam resquícios dessa vila.
     
    Rio Jordão – Situado na fronteira da Cisjordânia (território palestino ocupado por Israel) com a Jordânia é o rio em que João Batista pregava e batizava. Foi nesse rio raso e estreito que Jesus também foi batizado pelo profeta, que era seu primo por parte de mãe. Os peregrinos de Passos renovaram o batismo nas águas do Jordão, sacramentado pelos padres Sandro e Luizinho.
     
    Monte Tabor - Localizado a 17 quilômetros do Mar da Galileia, o Monte Tabor foi onde ocorreu a Transfiguração de Jesus Cristo nas presenças dos apóstolos Pedro, Tiago e João.
     
    Monte das Bem-Aventuranças – Fica entre Cafarnaum e Genesaré. É onde Jesus fez o Sermão da Montanha.
     
    Monte Carmelo – Siuado na costa do Mar Mediterrâneo, o Monte Carmelo foi onde o profeta Elias erigiu um altar ao Deus único. O local é visitado pelos turistas também por oferecer uma vista panorâmica de Haifa, a Serra de Nazaré, o Monte Tabor, o outeiro de Moré, dentre outras paisagens.
     
    REGIÃO DE JERUSALÉM
     
    Monte das Oliveiras – É o local em que fica o Jardim de Getsêmani, para onde Jesus se dirigiu após a Última Ceia e acabou preso depois da traição de Judas. Foi também no Monte das Oliveiras que Jesus ascendeu ao céu. No local foi construída a Mesquita da Ascenção.
     
    Jardim de Getsemani – Situado ao pé do Monte das Oliveiras, o Jardim de Getsêmani é o local em que Jesus orou em desespero na noite em que seria entregue para o julgamento e condenação. As oliveiras do jardim são da época de Jesus e ainda produzem azeitonas.
     
    Via Dolorosa – O percurso é na chamada “cidade velha” de Jerusalém, onde milhares de pessoas refazem os passos de Jesus, em 14 estações, rumo à crucificação. A caminhada dos turistas começa na Porta do Leão e termina na Basílica do Santo Sepulcro.
     
    Santo Sepulcro - A Basílica do Santo Sepulcro representa um pouco a igreja original, depois de ter sido devastada várias vezes desde sua construção no século IV pelo imperador romano Constantino. Destruída e reconstruída ao longo do tempo, a maior parte da igreja que se vê hoje é do século XII.
     
    Cenáculo – Local em que os discípulos se reuniam para rezar e onde Jesus fez sua última ceia com eles. Foi também no Cenáculo que Jesus reapareceu para os apóstolos, após a ressurreição.
     
    Muro das Lamentações (ou Muro Ocidental) – Fica na área ocidental de Jerusalém. É o que resta do templo construído por Herodes, o Grande, no local do Templo de Salomão, que havia sido destruído. É local sagrado para cristãos e judeus. Segundo o padre Sandro, o Muro, na verdade, não é de lamentações, mas onde cristãos e judeus fazem suas preces de agradecimento a Deus.
     
    CISJORDÂNIA
     
    Belém – Distante 10 quilômetros de Jerusalém, a terra natal de Jesus, Belém, é uma pequena cidade de 30 mil habitantes, a maioria muçulmana. Os judeus são proibidos de entrar, embora o patriarca judeu, o Rei Davi, também tenha nascido ali. A principal atração de Belém é a Basílica da Natividade, construída há quase 1.500 anos sobre a gruta em que o Menino Jesus veio ao mundo. 
     
    Jericó – Localidade - cidade e deserto - citada na Bíblia várias vezes, Jericó foi de onde Jesus se retirou para o deserto, onde sofreu tentações durante 40 dias (origem da Quaresma), e onde Ele converteu o rico Zaqueu e também localiza a história do Bom Samaritano.
     
    Enio Modesto

    A estrela de prata de 14 pontas marca o local exato do nascimento de Cristo.
    Os padres Luizinho e Sandro posam com Jerusalém e o Domo da Rocha ao fundo.
    Cercada parcialmente pelo Muro das Lamentações, a cidade velha de Jerusalém, com destaque para a cúpula dourada do Domo da Rocha, templo que protege a pedra do sacrifício de Abraão e guarda outras relíquias dos judeus.
    Os padres Luizinho e Sandro posam com Jerusalém e o Domo da Rocha ao fundo.
    Capela do Gólgota, dentro da Igreja do Santo Sepulcro: rocha extraída do Calvário, partida ao meio devido ao terremoto ocorrido no momento da morte de Cristo.
    Pedra em que Jesus foi ungido antes do sepultamento; fica na entrada da Basílica do Santo Sepulcro.
    Padres Luizinho (esq.) e Sandro celebrando com os fieis brasileiros na Igreja da Natividade, em Belém; a construção foi sobre a gruta em que Jesus nasceu.
    Jardins Persa de Bahaim em Haifa.
    Peregrina renovando o batismo no rio Jordão, o mesmo em que Cristo foi batizado por João.
    Ruínas da casa de Pedro em Cafarnaum.
    No pátio do monastério franciscano, em Cafarnaum, o padre Luizinho posa junto à estátua de bronze de São Pedro.
    Altar da Igreja da Multiplicação dos pães e peixes na Galileia.
    Os peregrinos em ruínas da Fortaleza de Massada, junto ao Mar Morto; refúgio dos judeus durante a ocupação romana.

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