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Especial 2021
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Saúde

JANEIRO BRANCO - Campanha pela saúde mental

  • Psicólogos de Passos promovem ações para despertar a sociedade para a atenção com a saúde mental e emocional; busca por ajuda profissional deve ser priorizada.

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    Iácara Nogueira - psicóloga especializada em psicoterapia cognitivo - comportamental.
    Iácara Nogueira - psicóloga especializada em psicoterapia cognitivo - comportamental.

     

    Há seis anos, o mês de janeiro vem sendo dedicado à conscientização da sociedade brasileira sobre a importância do bem-estar da mente e do controle das emoções. É a campanha nacional do Janeiro Branco, criada em Minas Gerais e que se espalhou pelo Brasil, como o Outubro Rosa (do câncer de mama) e o Novembro Azul (câncer de próstata). Em Passos, os profissionais da psicologia aderiram ao movimento com uma mobilização via internet e uma palestra da Associação Regional de Psicólogos do Sudoeste Mineiro (ARP-SM).
     
    A psicóloga Iácara Nogueira, especializada em psicoterapia cognitivo-comportamental, que fez uma mobilização regional pelo Janeiro Branco (leia na página 48), explica que o mês foi escolhido para a campanha nacional por simbolizar o recomeço de um ciclo, de buscas de novas metas e objetivos, novos planos, novas perspectivas de vida. 
     
    Kelly Ramos Santos, psicóloga e palestrante do evento realizado pela Associação dos Psicólogos.
    Kelly Ramos Santos, psicóloga e palestrante do evento realizado pela Associação dos Psicólogos.

    “A cor branca representa o quadro branco, o papel em branco no qual cada um escreve e desenha sua própria história. É momento de acreditar em si mesmo e viver nossos sonhos.”, disse.

    Iácara Nogueira observa que a Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica como saudável quem desempenha suas atividades cotidianas, contribui para a comunidade e sabe lidar com as inquietudes da vida: estresse, ansiedade, intolerância, violência, uso de drogas, etc. “E isso tudo reflete aonde? Nos transtornos”, observa.
     
    Ainda de acordo com a psicóloga, os sinais de doenças emocionais variam de pessoa para pessoa; isto é, dependem do limite de cada uma para superar os problemas diários. Entretanto, quando esses problemas (estresse, tristeza, desânimo, mau humor, insônia) tornam-se frequentes, é hora de buscar ajuda. “A terapia ajuda a pessoa a se sentir melhor e descobrir como lidar com as dificuldades e os gatilhos do dia a dia (que levam aos desconfortos emocionais)”, disse, citando depressão, transtornos, fobias e outros.
    Sob o TEMA “QUEM CUIDA DA MENTE, CUIDA DA VIDA”, a Associação de Psicólogos reuniu o público, em 26 de janeiro, na Casa da Cultura para tratar da saúde mental e emocional no Janeiro Branco. O evento teve apoio da Prefeitura de Passos.
     
    Andréa Reis de Souza, Presidente da ARP-SM.
    Andréa Reis de Souza, Presidente da ARP-SM.

    Segundo a palestrante, a psicóloga Kelly Ramos Santos, tratar-se com um psicólogo ou psiquiatra deveria ser visto com naturalidade e não com aquele preconceito de que a pessoa está louca. “Hoje é uma necessidade, porque o mundo está muito acelerado, as pessoas estão sem tempo para si. Cuidam do outro, do trabalho, mas se esquecem de si mesmas. Só que na hora que chegam os problemas é que veem as necessidades”, disse. 

    Para a presidente da ARP-SM, Andréa Reis de Souza, mais que levar informações sérias, a palestra buscou conscientizar a sociedade sobre a importância do autoconhecimento. “Saúde mental é para todas as pessoas, do nascimento ao fim da vida”, disse, frisando que as pessoas não precisam adoecer para buscarem ajuda. “O psicólogo está preparado para ajudá-las. Pois prevenir é sempre melhor que remediar”, acrescentou. 
     
    Quem está passando por algum abalo na saúde mental ou emocional pode buscar ajuda na rede pública, através de postos de atendimento do Programa de Saúde da Família, no CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) e CAPs (Centro de Atenção Psicossocial) e também na Associação de Psicólogos, onde poderá consultar uma lista de profissionais com suas respectivas áreas de atuação.

    Segundo Iácara Nogueira, o sofrimento emocional deve ser diagnosticado e identificada sua causa para que seja proposta ao paciente a terapia adequada para que ele possa lidar com os gatilhos diários que desencadeiam o problema. “O tipo de tratamento depende do diagnóstico, mas o fator principal é a força de vontade da pessoa, que influencia nos resultados que ela poderá ter”, observa, alertando: “Um problema mal resolvido vai trazer possibilidades de grande sofrimento emocional, ocasionando assim algumas patologias.”

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    Duda Salermo, blogueira convidada para a campanha.
     

    Duda Salermo, blogueira convidada para a campanha.

     

    Janeiro Branco teve participação de blogueiras

     
    A campanha do Janeiro Branco em Passos teve também uma mobilização na internet promovida pela psicóloga Iácara Nogueira, que trata pacientes com problemas de saúde mental e emocional. A ideia surgiu quando a psicóloga soube da comovente história de um jovem suicida, que poderia ter recebido ajuda de familiares ou amigos se eles estivessem preparados para interpretar os sinais que ele dava sobre seu estado emocional.
     
    “A campanha foi para conscientizar e orientar familiares e amigos sobre o que é possível fazer por essa pessoa”, disse. “E também para desmistificar essa questão de que buscar ajuda psiquiátrica é porque a pessoa está com alguma doença mental”, ressaltou.
     
    Às blogueiras, a psicóloga enviou um kit com bexigas brancas, vídeos, fotos, cartões com dizeres que estimulam a autoestima, hashtags que se conectavam ao Janeiro Branco e, entre outros objetos, orientações para a busca de ajuda profissional.
    A ação alcançou milhares de pessoas, segundo Iácara, fruto da colaboração das bloqueiras passenses Ray Nogueira, Duda Andrade, Brenda Melo, Duda Salermo, Priscila Mourão, Francine Barbosa, Mariana Madeira e Carolina Machado, Luciana Peres (Carmo do Rio Claro) e Gabriela Canaval (Itaú de Minas). 
    Duda Salermo diz que, ao convidá-la para a campanha, a psicóloga falou de sua comoção pelo jovem suicida, o que a levou a não pensar duas vezes a aceitar o convite. “E usar essa ferramenta que tenho nas minhas mãos para o bem. Às vezes somos tão vaidosos, querendo só mostrar como nossa vida é perfeita, que esquecemos de quem às vezes só queria se sentir feliz”, comenta.
     
    “E convidei as pessoas a pensarem sobre os propósitos de suas vidas, falar que há sofrimentos que podem, sim, ser prevenidos e dores que podem ser amenizadas. E incentivá-las a procurarem ajuda”, conta. “Recebi muitas mensagens de carinho pela iniciativa e também mensagens que me comoveram muito! Que me fizeram ver como o problema emocional é uma triste realidade”, completa.
     
    Enio Modesto

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