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Especial 2021
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Arquitetura e Construção

Alvenaria Estrutural: Construir com menos material

  • Um sistema de construção de edificações mais antigo que as pirâmides do Egito é redescoberto em Passos e é altamente sustentável do ponto de vista ambiental

    O engenheiro civil Ugs de Souza Pinheiro.
    O engenheiro civil Ugs de Souza Pinheiro.
     

    Para construir uma edificação, seja térrea ou de vários pavimentos, pode-se optar por um dos dois sistemas estruturais mais empregados no mundo: a construção convencional, de concreto armado, ou a alvenaria estrutural. No primeiro, a estrutura é formada por pilares e vigas, e as paredes têm as funções de separação de ambientes e fachadas (vedação). O outro modo de construção é o de alvenaria estrutural, que elimina os demais componentes da estrutura, pois as paredes são projetadas para sustentar a obra, além de cumprir as demais funções.

    “(...) Ao longo dos anos a engenharia evoluiu e atualmente uma das tecnologias mais vantajosas e com melhor desempenho tem sido a alvenaria estrutural com blocos de concreto”, afirma o arquiteto Nivaldo Callegari, de Jundiaí (SP), que projetou dois empreendimentos imobiliários para uma construtora de Passos.
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    Prédio feito com alvenaria estrutural - guindaste erguendo laje concretada no chão e encaixada depois das paredes prontas eliminando gastos com escoras e formas de madeira ou metálicas.
     
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    Alicerce de obra com alvenaria estrutural - menos concreto.
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    Fábrica de blocos estruturais do Grupo CMP.
     

     

     

     
    Assentamento de blocos estruturais.
    Assentamento de blocos estruturais.

    Na alvenaria estrutural, gasta-se menos concreto, ferragem e madeira e gera-se menos resíduos. Outras vantagens são a economia de tempo para o término da obra e a opção de trocar o reboco das paredes por gesso, o que também reduz o custo final da construção. “Trata-se de um sistema mais ecológico, pois diminui o volume de resíduos gerado na obra, assim como o consumo de materiais, como madeira, aço e revestimento”, ressalta Nivaldo.

    O engenheiro civil Ugs de Souza Pinheiro optou por usar a alvenaria estrutural no conjunto habitacional Jardim dos Pinheiros, no Parque da Estação, e a execução do projeto foi tão bem sucedida que o empresário utilizou o sistema em outro empreendimento, em São Sebastião do Paraíso, e agora se prepara para uma terceira obra, a das duas torres, na Avenida Comendador Francisco Avelino Maia.

     

    VANTAGENS DA ALVENARIA ESTRUTURAL

     
    • O pedreiro executa uma maior metragem de área por dia.
     
    • As canaletas dos blocos substituem a maioria das formas e diminuem a quantidade de aço.
     
    • Por causa do maior tamanho do bloco, usa-se menos massa de assentamento na execução da alvenaria. 
     
    • Por ser a obra modulada conforme o tamanho do bloco, há menos risco de erro de medidas, o que evita desperdício.
     
    • As instalações elétricas e hidráulicas são feitas junto com a alvenaria, gerando economia e menos desperdício de mão de obra e materiais.
     
    • Os blocos estruturais eliminam a necessidade de chapisco e massa corrida, possibilitando substituir o reboco (que é bem mais caro) pelo gesso e aplicar a pintura logo após.
     
    • Por terem os blocos e toda a obra um esquadrejamento perfeito, os revestimentos podem ser assentados com baixas espessuras.
     

     

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    Um dos blocos do  Jardim dos Pinheiros construído com alvenaria estrutural.
     
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    Parede estrutural elimina concreto armado - menos gasto e maior rapidez.
     
    Segundo Ugs Pinheiro, os benefícios desse sistema são vários. “O projeto é desenvolvido com paginação das paredes, os blocos são encaixados nas posições certas. Não há desperdícios”, disse, acrescentando que os blocos já vêm preparados para receber as instalações elétricas e hidráulicas, evitando que as paredes sejam cortadas. Com os blocos estruturais, a laje poderá ser concretada no chão enquanto as paredes são erguidas, e a laje será encaixada somente quando as paredes estiverem prontas eliminando, assim, gastos com escoras e formas de madeira ou metálicas.

    Segundo Nivaldo Callegari, por ser um sistema construtivo racionalizado, que otimiza o tempo de execução da obra, a alvenaria estrutural deve ser realizada por profissionais especializados. “O desenvolvimento de projetos em alvenaria estrutural exige procedimentos distintos. Uma das premissas é a necessidade de compatibilização dos projetos arquitetônico, estrutural, elétrico, hidrossanitário e de prevenção de incêndio para definição dos projetos executivos”, justifica.

    Ainda de acordo com o arquiteto, “a viabilidade de uma obra em alvenaria estrutural é oriunda basicamente da altura da edificação e de sua arquitetura”. “Atualmente, são erguidas com sucesso torres com alturas equivalentes a 22 andares ou mais, sendo que o Brasil é referência mundial em edifícios altos neste sistema”, observa.
     
    Com os blocos estruturais, o revestimento pode ser assentado com economia de material.
    Com os blocos estruturais, o revestimento pode ser assentado com economia de material.
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    Fábrica de cimento em construção pela CMP em São Luís, no Maranhão.

     

     

     
     
     

    O construtor Eustáquio Vieira já fez inúmeras obras pelo sistema de Alvenaria Estrutural o qual ele define como rápido, inteligente, seguro e econômico.
     

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    Eustáquio Vieira (esq.) e o encarregado de obras em frente ao sobrado no loteamento Aroeiras.

     

     
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    Sobrado em construção por Eustáquio Vieira há dez anos trabalhando com alvenaria estrutural.

    Eustáquio Vieira é proprietário de uma empresa especializada em construção com alvenaria estrutural. Há cerca de dez anos, suas obras são executadas com os blocos de concretos que eliminam a estrutura convencional de concreto armado.

    Eustáquio já construiu inúmeros prédios de até cinco andares com alvenaria estrutural. Atualmente, ele está terminando um sobrado de quatro apartamentos no loteamento Aroeira e em breve irá erguer outro empreendimento imobiliário no Jardim Panorama com o mesmo sistema construtivo.
     
    Segundo Vieira, para que o projeto tenha o desempenho desejado, os blocos estruturais devem ter certificado de qualidade e é preciso que a equipe tenha experiência para trabalhar com o material. “Eu não vejo nenhuma limitação na alvenaria estrutural”, afirma, dizendo que adquire os blocos em Passos.
     
    “Os blocos já vêm preparados para as instalações elétrica e hidráulica”, disse citando os diversos benefícios que reduzem o custo da obra. “E a margem de erro em relação ao orçamento é bem menor”, acrescentou.
     
    No sobrado do loteamento Aroeira, Eustáquio mostra como os blocos estruturais são vantajosos até mesmo na fase de acabamento, quando são feitos o reboco e assentado o revestimento. “Os azulejos podem ser assentados direto nos blocos. Não é preciso o preparo como na alvenaria convencional”, explica, observando que a alvenaria estrutural é um sistema construtivo rápido, inteligente, seguro e econômico.
     
    Quanto às paredes que, por serem estruturais e portanto não poderiam ser derrubadas, Eustáquio frisa que elemento estrutural nenhum pode ser removido, embora ninguém construa pensando em quebrar paredes, ainda mais em edifícios. “Mas dá para colocar uma parede mista, dá para fazer vãos livres com maiores dimensões, desde que seja feito um projeto bem elaborado por um profissional habilitado”, pondera o construtor.
     
    De fato, o arquiteto Nivaldo Callegari observa que a limitação da alvenaria estrutural quanto a modificações futuras pode ser aplicada também ao sistema convencional de concreto estrutural, o que não quer dizer que o projeto não tenha flexibilidade de layout. ”Os projetos flexíveis são quase que obrigatórios para atender as necessidades do mercado imobiliário e facilitar a venda do empreendimento. Na alvenaria estrutural, o remanejamento da planta só é possível se o projeto for pensado para isso”, disse.
     
     

    ALVENARIA ESTRUTURAL ao longo dos tempos

    por Nivaldo Callegari
     
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    Residencial Valparaíso construído pela CMP em São Sebastião do Paraíso.

     

     
     
    Nivaldo Callegari
    Nivaldo Callegari é arquiteto em Jundiaí (SP) e realizou projetos em Passos e São Sebastião do Paraíso para o Grupo CMP.

    O ato de sobrepor blocos (alvenaria) para construir edificações é milenar. As edificações em alvenaria estão entre as construções que têm maior aceitação pelo homem, não somente hoje, como também nas civilizações antigas. E ao longo dos anos a engenharia evoluiu e atualmente uma das tecnologias mais vantajosas e com melhor desempenho tem sido a alvenaria estrutural com blocos de concreto. Trata-se de um sistema mais ecológico, pois diminui o volume de resíduos gerado na obra, assim como o consumo de materiais, como madeira, aço e revestimento.

    A alvenaria estrutural passou a ser tratada como uma tecnologia de construção civil por volta do século XVII quando os princípios de estatística foram aplicados para a investigação da estabilidade de arcos e domos. Embora no período entre os séculos 19 e 20 tivessem sido realizados testes de resistência dos elementos da alvenaria estrutural em vários países, ainda se elaborava o projeto de alvenaria estrutural de acordo com métodos empíricos de cálculo, apresentando, assim, grandes limitações.
     
    Nesta época (entre os séculos 19 e 20), edifícios em alvenaria estrutural foram construídos com espessuras excessivas de paredes, como por exemplo o edifício Monadnock em Chicago, que se tornou um símbolo da moderna alvenaria estrutural, mesmo com suas paredes da base de 1,80m.
     
    Somente na década de 50 houve novamente um aumento no interesse pela construção de edifícios em alvenaria estrutural, pois a segunda guerra mundial (1939 – 1945) causou uma escassez dos materiais de construção na Europa, principalmente do aço. Assim, nesta época foram construídos alguns edifícios em alvenarias estruturais, principalmente na Suíça, pela inexistência de indústrias de aço na região.
     
    Nas décadas seguintes (60 e 70) o interesse pela alvenaria estrutural avançou para outros países da Europa, como, por exemplo, a Inglaterra, onde foram construídos diversos edifícios em alvenaria estrutural promovidos principalmente por programas públicos.
     
    No Brasil, a utilização da alvenaria estrutural com blocos de concreto já é bastante expressiva, ela começou a se desenvolver a partir da década de 60. Nessa época foi construído o primeiro conjunto de edifícios em blocos estruturais de concreto: o Central Parque Lapa, em São Paulo, composto por 4 prédios com 12 andares cada. A partir de 1990 houve uma crescente conscientização de que era possível aperfeiçoar a alvenaria estrutural aperfeiçoando as técnicas construtivas e o cálculo estrutural, buscando conseguir um perfeito resultado final para a obra. E na cidade de Jundiaí foi criado uma modulação de blocos para intertravamento das paredes possibilitando que o efeito arco fosse transferido para as paredes transversais, concentrando assim as cargas nos cantos das paredes, viabilizando as vigas de transição no teto do pavimento térreo.
     
    Hoje é um sistema bastante utilizado no país todo, onde há uma facilidade de controle, pois existe um sistema que possui normas ABNT para projetos, materiais e execução, definindo claramente os requisitos e critérios necessários para o bom desempenho do sistema.
     
    A alvenaria estrutural é um sistema construtivo racionalizado. E, para que na obra se obtenha otimização no tempo da execução e o rendimento desejado, é muito importante que um bom projeto seja desenvolvido. 
     
    Assim como no sistema convencional de concreto estrutural não é possível modificar pilares e vigas, no sistema de alvenaria estrutural também não é possível modificar paredes estruturais, mas isso não significa que o projeto não tenha flexibilidade de layout. Os projetos flexíveis são quase que obrigatórios para atender as necessidades do mercado imobiliário e facilitar a venda do empreendimento. Na alvenaria estrutural, o remanejamento da planta só é possível se o projeto for pensado para isso. 
     
     
    EXPANSÃO além da fronteira
     

    De um começo na região de Passos como simples construtora há 27 anos, o Grupo CMP cresceu e expandiu sua prestação de serviços até para o mercado estrangeiro.

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    Os Diretores do Grupo CMP: Ana Virgínia Carvalho Maia Pinheiro e Ugs de Souza Pinheiro.

     

     

     
    Uma empresa genuinamente passense criada há 27 anos, a Construtora CMP Ltda, hoje é apenas parte de um conglomerado formado por quatro empresas, controladas pelo Grupo CMP. Esse crescimento é resultado de um planejamento estratégico, sustentado em qualidade, segurança e cumprimento de prazos nas execuções das obras, que elevou a CMP ao nível de Excelência, conforme atestam as certificações conquistadas nos últimos anos.  
     
    Segundo o diretor executivo do Grupo CMP, engenheiro civil Ugs de Souza Pinheiro, a primeira empresa do conglomerado foi criada em março de 1990 para prestar pequenos serviços de manutenção para uma instituição bancária.
     
    A primeira oportunidade de um contrato maior surgiu um ano e meio depois para serviços na fábrica de cimento de Itaú de Minas e, após oito anos, em Sobradinho, uma das cidades-satélites de Brasília, no Distrito Federal.
     
    A conclusão das obras sempre antes do prazo e a qualidade do serviço fez com que a construtora fosse convidada para executar projetos mais ambiciosos, para clientes de grande porte como o Grupo Votorantim, Caixa Econômica Federal, Furnas e Ciplan, em vários estados, até chegar ao exterior através de uma fábrica para a Votorantim na Bolívia e um convite para executar um projeto na Argentina. “Hoje nós temos capacidade para fazer uma fábrica de cimento completa”, afirma Ugs Pinheiro.
     
    Em Passos, entre outras obras, são marcas do Grupo CMP o condomínio residencial de 216 apartamentos Jardim dos Pinheiros, o Hospital Regional do Câncer e o projeto residencial Saint Martin, conjunto de duas torres que terão 15 andares cada e deve ser executado em breve. Em São Sebastião do Paraíso, o grupo tem um projeto, o residencial Valparaíso, com 224 unidades de apartamentos, que está em execução. Hoje com 128 unidades concluídas. 
     
    Sediado no Distrito Industrial II, numa área de 36.200 metros quadrados, com as instalações ocupando 10 mil m², o Grupo CMP é formado pela Construtora (Engenharia e Construção), Caldeiraria e Montagem (estruturas e equipamentos metálicos), Concreto Usinado (concreteira) e Pré-Moldados (inclusive blocos estruturais e alvenaria).
     
    Para agilizar a prestação de serviços da concreteira, a CMP instalou mais duas unidades fora de Passos, nas cidades de Piumhi e Formiga. A partir dessas três cidades, o grupo fornece concreto usinado para dezenas de outros municípios em diferentes regiões.
     
    Para alcançar o nível de Excelência, o Grupo CMP conta com tecnologia e equipes altamente qualificadas para planejar e executar os projetos e obras, o que resulta num rico portfólio de produtos e serviços: obras em diversos segmentos, como cimentos, mineração, usinas (açúcar, termoelétrica, hidrelétrica) e prédios; indústria e comércio de equipamentos metálicos, caixas d’água, tanques de armazenamento e reservatórios, silos, em aço carbono e inoxidável, e estruturas metálicas; pré-moldados e blocos estruturais e de alvenaria.

    O crescimento e desenvolvimento do Grupo CMP foi coroado com as certificações ISO 9001: 2008 e PBQP-H Nível “A”, em 2014 e 2016, pela Fundação Vanzolini, instituição privada e sem fins lucrativos na área de ciência e tecnologia da engenharia de produção, administração industrial e gestão de operações, dentre outras relacionadas.
     
    Enio Modesto

    Residencial Valparaíso construído pela CMP em São Sebastião do Paraíso.
    Alicerce de obra com alvenaria estrutural - menos concreto.
    Bem planejada, a obra com alvenaria estrutural pode ter vãos livres seguros
    Com os blocos estruturais, o revestimento pode ser assentado com economia de material.
    Fábrica de blocos estruturais do Grupo CMP.
    Fábrica de cimento em construção pela CMP em São Luís, no Maranhão.
    Parede estrutural elimina concreto armado - menos gasto e maior rapidez.
    Prédio feito com alvenaria estrutural - guindaste erguendo laje concretada no chão e encaixada depois das paredes prontas eliminando gastos com escoras e formas de madeira ou metálicas.
    Sobrado em construção por Eustáquio Vieira há dez anos trabalhando com alvenaria estrutural.
    Um dos blocos do Jardim dos Pinheiros construído com alvenaria estrutural.

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